Anete é a 4ª mulher na história da Câmara de Araras

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A recém empossada vereadora Anete Monteiro dos Santos Casagrande (PFL) é a quarta mulher a assumir a vaga na história da Câmara de Araras. Durante 30 dias ela substitui o vereador Ricardo Franco (PV), que por motivos particulares se licenciou.
Anete é professora, da mesma forma que as outras mulheres que a antecederam. As pioneiras foram Mara Iliane Figueiredo, na época pelo PMDB, e Silvia Garcia Simões Zuntini, pelo PTB. As duas foram eleitas para o mandato da 9ª Legislatura, entre os anos de 1983 a 1989. Para a Legislatura seguinte a professora Silvia Zuntini também foi eleita.
Na seqüência as mulheres conquistaram apenas a suplência. Caso da professora Genny Pires Gonçalves Tiritilli. Na 12ª Legislatura, num período de ausência do vereador Edson Leles dos Santos, do PT, ela foi chamada a substituí-lo.
“Nós percebemos um período muito longo sem a presença efetiva da mulher na política ararense. Mesmo que hoje tenhamos mulheres no cargo de chefia, nos diversos setores da prefeitura, é preciso que elas tenham a cada dia um destaque maior. Capacidade não nos falta”, relata Anete diante desse histórico.
Outro fato que surpreende é que Anete é negra. A primeira mulher negra na Câmara. “Um orgulho e ao mesmo tempo um atraso”, comenta. “O movimento negro em Araras não é mais uma semente. Pelo histórico que temos existem muitos frutos. Mas acontece que esse trabalho não se enraizou ainda pela política. É uma visão que o próprio povo negro deve se mobilizar para mudar”, argumenta.
E logo em sua posse, na 37ª sessão ordinária, ocorrida na última segunda-feira, Anete teve o apoio de Neuza Maria Pereira Limeira, presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra. “Ela mostra que tem muita vontade. E mesmo que seja por apenas um mês acredito muito que o recado vai ser passado. Tanto como educadora, mas principalmente como mulher e negra”, disse Neuza Maria emocionada com a situação.
 
Apoio
            Antes de se licenciar do cargo o vereador Ricardo Franco (PV) disse que o entusiasmo de Anete para que essa data chegasse sempre foi grande. “Nós fizemos um acordo entre os suplentes da coligação”, explica o vereador. “O advogado José Roberto Apolari, que é o primeiro suplente, assumiu na minha ausência no ano passado. Agora ficou certo que ele deixaria o espaço para a Anete”.
A professora tem 44 anos. Tem formação técnica em enfermagem, além de ser graduada em pedagogia e ser especialista em educação especial. Com sede de conhecimento, atualmente cursa história na Unar (Centro Universitário “Dr. Edmundo Ulson”). Profissionalmente leciona na Escola Estadual “Vicente Casale Padovani”.
Em 2004 não foi a primeira vez em que concorreu a uma das cadeiras da Câmara de Araras. Em 2000 já havia disputado as eleições. Mas no pleito passado conquistou 661 votos, apenas um voto a menos que o primeiro suplente da coligação PFL-PRP.
Neste pleito foram eleitos vereadores Pedrinho Eliseu (PFL) e Ricardo Franco, que posteriormente migrou para o PV.
Anete é casada com Cláudio Casagrande. É mãe de Ana Julia, Pedro Paulo e Cláudio Junior. E uma de suas maiores referências pessoais é a filiação. Seu pai é Odair Monteiro dos Santos, o capitão Odair. Durante anos ele foi chefe de instrução do Tiro de Guerra de Araras, sendo também fundador da extinta Guardinha Mirim, hoje Aehda – Associação de Educação do Homem de Amanhã.
“Meu pai é um homem muito íntegro e correto em suas atitudes. Minha formação herdou essas características do meu pai”, revela a vereadora.
 
Compromisso
            Foi na Palavra Livre da última sessão que Anete se pronunciou como vereadora pela primeira vez e aproveitou o momento para reforçar seu compromisso com a educação e a melhoria de vida da população. “Quero continuar contribuindo para que mais pessoas avancem na conquista da qualidade de vida. Que elas tenham oportunidade de ampliar e até de trocar conhecimentos e, sobretudo, que possam aprender a vivenciar a cidadania com dignidade”, disse ela.
            A professora também lembrou que gestos simples valem muito mais que um desenvolvimento tecnológico para a promoção da pessoa. “Quando a máquina de lavar roupas foi inventada na Europa, em meados do século passado, a propaganda dizia que com este invento as mães teriam mais tempo para cuidar de seus filhos e ainda ia lhes sobrar tempo livre. O invento foi aperfeiçoado milhões de vezes, só que até hoje não vimos esse tal conforto feminino”, lembrou ela dizendo ainda que quem confiou na salvação pela tecnologia esqueceu que para milhões de brasileiros falta uma educação para a saúde, ao invés de simplesmente tratar de doenças.
            Para a professora é com ciências humanas que se fortalece a auto-estima e a dignidade da pessoa, para que não se tenha que combater a violência.
            Numa menção ao documento de Dellors, proposto pela Unesco desde 1997, ela falou dos quatro pilares para uma educação integral: educar para conhecer, educar para fazer, educar para conviver e educar para ser.
            Anete fica na Câmara como vereadora durante todo o mês de novembro. Ricardo Franco reassume suas funções na primeira sessão ordinária de dezembro.      




Publicado em: 13/11/2006 09:18:00

Publicado por: Imprensa