Neste sábado, 15 de dezembro, o arquiteto Oscar Niemeyer completa 100 anos de idade. Considerado o maior arquiteto brasileiro e classificado entre o nono colocado entre os "100 maiores gênios vivos", é um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional, sendo pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado.
É por essa trajetória que Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares deve receber nos próximos dias uma Moção de Congratulações encaminhada pela Câmara Municipal de Araras conforme propositura do vereador Breno Cortella (PT).
Niemeyer é um homem de personalidade forte. Idéias fechadas. Comunista histórico foi companheiro de lutas e amigo pessoal de Luiz Carlos Prestes, estreitou relacionamentos com Fidel Castro, aplaude o presidente venezuelano Hugo Chávez e apóia o governo Lula na busca de um Brasil Socialista. “Nunca me calei. Nunca escondi minha posição de comunista. Os mais compreensíveis que me convocam como arquiteto sabem da minha posição ideológica. Pensam que sou um equivocado e eu penso a mesma coisa deles”, diz ele.
Oscar Niemeyer é conhecido em todo o mundo. Mais de 400 projetos saíram de sua prancheta, como o Conjunto da Pampulha, Conjunto Copan, Memorial da América Latina, Conjunto do Ibirapuera, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAM em Caracas, Sede do Partido Comunista Francês, Sambódromos do Rio de Janeiro e São Paulo e muito outros. Sua principal obra é o núcleo fundamental de prédios que abriga o Governo Federal em Brasília, em que se destacam o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios e a Catedral de Brasília, construídos entre 1956 e 1960.
Uma de suas obras está em Araras: o majestoso Teatro Estadual “Maestro Francisco Paulo Russo”, inaugurado em 1991. A obra foi um presente do então governador Orestes Quércia à cidade de Araras.
Trajetória
Nascido na então capital do Brasil (Rio de Janeiro) em 1907, concluiu o ensino secundário aos 21 anos, mesma idade com que casa com Annita Baldo. Após o casamento decide trabalhar e continuar seus estudos. Começa a trabalhar na oficina tipográfica do pai e entra para a Escola Nacional de Belas Artes, de onde sai formado como engenheiro arquiteto em 1934. Depois decidi trabalhar no escritório de Lucio Costa e Carlos Leão. Em 1945, já um arquiteto renomado, filia-se ao PCB.
Após a construção de Brasília é nomeado coordenador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília. Em 1963 é nomeado membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos dos Estados Unidos, no mesmo ano em que ganha um prêmio soviético de paz, o Prêmio Lênin da Paz.
O sua opção política pelo comunismo lhe custará caro nos anos de uma ditadura militar do Brasil, seus projetos começam a ser misteriosamente recusados e clientes a desaparecer. Em 1965, duzentos professores, entre eles Niemeyer, pedem demissão da Universidade de Brasília, em protesto contra a política universitária. No mesmo ano viaja para França, para uma exposição sobre sua obra no Museu do Louvre. No ano seguinte, impedido de trabalhar no Brasil, muda-se para Paris. Começa aí uma nova fase de sua vida e obra. Abre um escritório nos Champs-Élysées, e tem clientes em diversos países, em especial na Argélia, onde desenha a Universidade de Constantine e, em 1970, a mesquita de Argel. Na França, cria a sede do Partido Comunista Francês e na Itália a da Editora Mondadori.
Neste ano de 2007 Oscar Niemeyer aceitou ser presidente de honra do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais CEPPES, centro de estudos fundado por Luís Carlos Prestes.
O vereador Breno Cortella destaca Niemeyer como um exemplo de dedicação e personlidade. “É um dever desta Câmara Municipal em nome do Povo de Araras congratular Oscar Niemeyer, que se mantém plenamente ativo, militando em sua profissão e na luta política e social brasileira”, completa ele.
Teatro de Araras
Inaugurado em 1991, o Teatro Estadual Maestro Francisco Paulo Russo foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com 466 lugares em seu auditório principal e outros 126 lugares no auditório menor em seu subsolo.
O Teatro Estadual de Araras consiste basicamente num grande cilindro de 37,5m de diâmetro executado em concreto armado e coberto por abóbadas leves que atingem 28m de altura; um anexo semi-enterrado contém os equipamentos auxiliares, como ar-condicionado, transformadores, caixas d'água, etc.
A área total, incluindo o anexo, ultrapassa os 3.300 m2. As áreas de uso do público incluem também um piso subterrâneo para congressos e reuniões e um piso intermediário (foyer) para exposições. Os pisos técnicos são montados sobre estruturas metálicas leves fixadas às paredes de concreto ou às vigas de sustentação da cobertura, por meio de chumbadores.
Ao concluir a obra, Niemeyer escreveu: “O teatro está pronto. Como arquitetura é simples e econômico, evitando grandes painéis de vidro, como suas funções internas sugeriam. Somente na cobertura e na marquise de entrada nos permitimos maior liberdade. A liberdade e a invenção arquitetural a nosso ver indispensáveis".
De 1995 à 2005, através da parceria com membros da Sociedade Civil de Apoio ao Teatro e a Secretaria de Estado da Cultura, o Teatro foi equipado com todas as instalações necessárias para os mais diversos eventos de manifestação cultural local, nacional e internacional. A partir de 2005, passou a ser administrado pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA).