Numa iniciativa do vereador Breno Cortella (PT), a Câmara Municipal de Araras vai enviar uma Moção de Congratulações à organização da 10ª Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, ocorrida no último dia 17 de junho de 2006, reunindo aproximadamente 3 milhões de participantes na Avenida Paulista e que teve como tema, este ano: “Homofobia é Crime! Direitos Sexuais são Direitos Humanos”.
O organização é da APOGLBT/SP - Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, e teve o tema pautado na aprovação, na Comissão de Cidadania e Justiça, do Projeto de Lei 5003/2001 da Deputada Iara Bernardi (PT), na forma do substitutivo do Deputado Luciano Zica (PT) e que está na pauta da Câmara dos Deputados desde abril, que criminaliza e penaliza a homofobia. Acentuando a Parada como instrumento de mobilização social da comunidade GLBT em torno de reivindicações de Legislação e Políticas Públicas para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Homofobia é o preconceito motivado por orientação sexual – que atinge gays, lésbicas e bissexuais –, ou por identidade de gênero – que atinge travestis e transexuais –e provoca discriminação e violência contra GLBT. A homofobia se inter-relaciona com outras formas de preconceito – por sexo, raça, classe, idade – e assim tende a vitimar os/as GLBT de diferentes maneiras.
O sub-tema “Direitos Sexuais são Direitos Humanos” mostra o caminho que deve ser percorrido para solucionar o problema das violações homofóbicas: o respeito aos direitos humanos e o reconhecimento dos direitos relacionados ao exercício da sexualidade e à vivência digna das diversas identidades de gênero como Direito Humano.
Com o tema deste ano, a APOGLBT/SP pretendeu denunciar as violações aos Direitos Humanos para a cidadania plena de GLBT, e incentivar uma série de ações pela aprovação de legislação contra a homofobia no cenário nacional e por Políticas Públicas que visem o controle e a erradicação da homofobia no Brasil. “O tema foi amplamente debatido junto à militância paulista com a certeza que, afirmar direitos sexuais como direitos humanos e demandar a criminalização da homofobia são estratégias fundamentais para reduzir a vulnerabilidade da população GLBT”, reflete o vereador Breno Cortella.
História
O movimento homossexual brasileiro se iniciou com a fundação do Grupo Somos, em São Paulo, e do jornal “Lampião”, no Rio de Janeiro, em 1978. A partir daí, surgiram diversos grupos - hoje já são mais de 80 no País - de gays, lésbicas, travestis e transexuais - espalhados por quase todos os Estados. A realização da Conferência Mundial da ILGA no Rio de Janeiro, em 1995, deu novo impulso e foi realizada a primeira manifestação de rua de homossexuais no Brasil.
A história da Parada de São Paulo inicia-se em 1996, com um ato na Praça Roosevelt, que participaram aproximadamente 400 pessoas, apesar da chuva e do frio que assolava a Cidade naquele inverno. Em 1997, a partir de uma idéia coletiva os ativistas decidiram ocupar as ruas, e assim fizeram juntando 2.000 pessoas, já inaugurando o trajeto oficial utilizado até hoje.
Em 1998, foram 8.000 pessoas; em 1999, 35.000 pessoas, já com uma estrutura mais organizada, onde surge então a criação da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, ONG (Organização Não Governamental) criada para articular a organização que já existia com as reivindicações latentes de nossa comunidade.
Em 2000, a Associação da Parada trabalhou com Planejamento Estratégico; definiu missão e metas; chamou o mercado para uma responsabilidade de cidadania e realizou a maior Parada da América Latina, mais de 120.000 participantes, numa manifestação que entrou para a história do movimento social brasileiro.
Em 2.001, não foi diferente, com o tema "Abraçando a Diversidade", dobraram o número. Começaram a chegar pessoas de todos os Estados, de incontáveis cidades, de vários países, a pura diversidade tomava conta da Av. Paulista, que perdeu seu ar sisudo, ganhando a irreverência GLBT, juntamente com as reivindicações por um Estado de Direitos e pela plena cidadania dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de todo Brasil.
Aos poucos, ano a ano, e, com muita dedicação a Parada de São Paulo foi crescendo e em 2005 chegou a ser considerada a maior Parada do mundo com um recorde de 2 milhões de participantes
Esse ano com o novo recorde de aproximadamente 3 milhões de participantes a Parada de São Paulo continua sendo a maior a Parada do mundo, seguida pela de Toronto e São Francisco, com um milhão cada. Ao contrário do que previam os próprios organizadores, nem a mudança do evento do domingo para sábado por causa da Copa atrapalhou. O presidente da APOGLBT/SP Nelson Matias Pereira, comemorava o público. “Estou feliz porque nada atrapalhou a festa”, disse ele em matéria publicada pela Folha On-line.
Esse ano a Parada teve um diferencial, como expõe a diretoria da APOGLBT/SP em seu site: “Ontem a Parada encerrou uma etapa bastante pesada este ano do nosso Mês do Orgulho GLBT. Mais uma vez a cidade parou para celebrar e refletir sobre o respeito à diversidade e aos GLBT. Fomos para a avenida com um trio que não tinha a nossa cara, sem arcos de bexigas ou qualquer glamour, mas com muita garra e a Parada aconteceu, botando o bloco da nossa luta, que é também a luta de todo o movimento GLBT, nas ruas”.
Essa pode ter sido a última edição da Parada na Av. Paulista. O prefeito Gilberto Kassab (PFL) que acompanhou o lançamento da Parada declarou que acha difícil que o evento seja na mesma região, disse que em 90 dias entregará três sugestões de local para os organizadores da Parada, segundo reportagens da Folha On-line.
“Com certeza a manutenção da Parada na Av. Paulista torna-se mais uma bandeira de luta de todo movimento GLBT, da organização e de todos participantes. E assim como milhares de pessoas e dezenas de movimentos, acreditamos que a Parada deve continuar na Avenida Paulista”, aponta Cortella.
Para o vereador o que os participantes e organizadores da Parada buscam é o respeito à todo tipo de orientação sexual e que sejam executadas políticas públicas em todas as áreas para a população GLBT, efetivando um verdadeiro Estado Democrático de Direito.
“A reivindicação e os objetivos da Parada são legítimos e devem receber a preocupação de todos, inclusive desta Casa de Leis, que congratula a Parada e os munícipes ararenses que dela participaram”, completa
A pedido do vereador Breno Cortella também serão enviadas cópia das moções à Prefeitura Municipal de São Paulo, à Câmara Municipal de São Paulo e aos ararenses participantes da Parada, bem como diploma de congratulações à APOGLBT e aos ararenses participantes.